o ESTADODES. PAULO QUINTA-FEIRA,9 DESETEMBRODE2010 I Notas c Infornlaçõcs IA3
Conselho de Admlnlstraçio
Presidente
Auréliode AlmeidaPradoCidade
Membros
Femão Lam Mesquita, Francisco Mesquita
Neto, Júlio eésar Mesquita, Patricia Maria
Mesquita e Roberto e. Mesquita
Oplnlio
Diretorde Oplnllo:RuyMesquita
EditorResponsável:AntonioCarlosPereira
Informaçio
Diretor de Conteúdo: Ricardo Gandour
Edltor-Chefe Responsável: Robeito Gazzi
Admlnlstraçio e Negócios
Diretor Presidente: Silvio Genesini
Diretor de Mercado Leitor: J01l0earlos Rosas
Diretor Financeiro: Ricardo do Valle Dellape
Diretora Jurídica: Mariana Uemura Sampaio
Aversão na Internet dE
OEstado de S. Paule
Como nunca antes neste país
Tãoprofícuatem sido
a atuaçãodo presidente
Lulana desmoralização
das
mais importantes
instituições do Estado
brasileiro, que
S.PAULOI se torna missão
'complexa avaliaro que efetivamente
tem sido realizado nesse campo, aí
'sim como nunca antes neste país.
Como a lista é longa, melhor ficar
nos exemplos mais notórios.
O presidente Lula desmoralizou o
Congresso Nacional ao permitir que
o então chefe de seu Gabinete Civil,
b trêfego José Dirceu, urdisse e implantasse
um amplo esquema de
çompra de apoio parlamentar - o
malfadado mensalão. Essa bandidagem
custou ao chefe da gangue o cargo
de ministro. Masseu trânsito e influência
dentro do governo permanecem
enormes, com a indispensável
,anuência tácita do cherno.
Denunciado o plano de compra direta
de apoio de deputados e senadores,
o governo petista passou a se
compor com toda e qualquer liderança
disposta a trocar apoio por benesses
governamentais, não importando
o quanto de incoerência essas novas
alianças pudessem significar
diante do que propunha, no passado,
a aguerrida ação oposicionista
de Lulae de seu partido na defesa intransigente
dos mais elevados valores
éticos na política. Daí estarem
hoje solidamente alinhadas com o
governo as mais tradicionais oligarquias
dos rincõ~s mais atrasados do
País - os Sarneys, os Calheiros, os
Barbalhos, os Collors de Mello, todos
antes vigorosamente apontados
pelo lulo-petismo como responsáveis,
no mínimo, pela miséria social
em seus domínios. Essa mudança foi
recentemente explicada por Dilma
Rousseffcomo resultado do "amadurecimento"
político do PT.
O presidente Lula desmoralizou a
instituição sindical ao estimular o
peleguismo nas entidades representativas
dos trabalhadores e, de modo
especial,nas centrais sindicais,transformadas
em correia de transmissão
dos interesses políticos de Brasília.
Opresidente Lulatentou desmoralizar
os tribunais de contas ao acusálos,
reiteradas vezes, de serem entrave
à ação executiva do governo por
conta do "excesso de zelo" com que
fiscalizam as obras públicas.
O presidente Lula desmoralizou
os Correios, antes uma instituição
reconhecida pela excelência dos
serviços essenciais que presta, ao
aparelhar partidariamente sua administração
em troca, claro, de
apoio político.
O presidente Lula desmoralizou o
Tribunal Superior Eleitoral,e, por extensão,
toda a instituição judiciária,
ao ridicularizar em público, para
uma plateia de trabalhadores, multas
que lhe foram aplicadas por caúsa
de sua debochada desobediência
à legislação eleitoral.
Mas é preciso reconhecer que pelo
menos uma lei Lula reabilitou, pois
andava relegada ao olvido: a lei de
Gerson. Aquelaque, no augedo regime
militar e do "milagre brasileiro",
recomendava: o importante é levar
vantagem em tudo. Esse sentimento
que o presidente nem tenta mais disfarçar
- tudo está bem se me convém
- só faz aumentar com o incremento
de seus índicesde popularidade
e sinaliza, por um lado, a tentação
do autoritarismo populista, enquanto,
por outro lado, estimula a
erosão dos valores morais, éticos, indispensáveis
à promoção humana e
a qualquer projeto de desenvolvimento
social.
Opresidente vangloria-sedo enorme
apoio popular de que desfruta
porque a economia vai bem. Indicadores
econômicos positivos, desemprego
menor, os brasileiros ganhando
mais, Copa do Mundo, Olimpíada.
É verdade, mesmo sem considerar
que Lula e o PT não fizeram issc
sozinhos, pois, embora não tenharr
a honestidade de reconhecê-Io, beneficiaram-
se de condições construídas
desde muito antes de 2002 l
também de uma conjuntura interna.-
cional política e, principalmente
econômica, que de uma maneira OL
de outra acabou sendo sempre favorável
ao Brasil nos, últimos anos.
Mas um país não se constrói ape
nas com indicadores econômicos positivos.
São necessárias também instituições
sólidas, consciência CÍvica
capacidade cidadã de avaliar criticamente
o jogo político e as ações de
poder público. Nada disso Sua Excelência
demonstra desejar. Oferece, (
verdade, pão e circo. Não é pouco
Mas é muito menos do que exige <:
dignidade humana, senhor presidente
da República!
Matéria publicada no Jornal "O estado de São Paulo" no dia 09/09/2010